segunda-feira, 14 de fevereiro de 2011

Metáfora e Metonímia

Lacan acirra o debate sobre a arbitrariedade do signo. Considera ilusória a ideia de que o significante representa o significado: todas as línguas existentes são insuficientes para abarcar o campo do significado.

A posição primordial do significante e do significado como ordens distintas, separadas por uma barreira resistente à significação, em que coisa e representação não formam necessariamente uma unidade significativa, assegura a mensagem de que a significação apenas se sustenta na remissão a outra significação.

Somente as correlações do significante com o significante podem fornecer o padrão da significação.

O significante se antecipa ao sentido, que insiste na cadeia do significante. Mas nenhum dos elementos dessa cadeia encerra a significação de que ele é prenhe. Persiste a ideia do deslizamento incessante do significado sob o significante.

Ao escutarmos um poema, o que dele se depreende é antes a potência de sua polifonia. A estrutura da cadeia significante revela a possibilidade que temos de nos servir da língua para expressar algo diferente do que ela quer dizer.

A função significante que se desenha na linguagem tem o nome de metonímia, em que a parte é tomada pelo todo. Vela que representa navio, por exemplo. A ligação entre navio e vela se dá no significante, de palavra em palavra se constrói a conexão na qual se apóia a metonímia.

Já a metáfora surge entre dois significantes. Um substitui o outro, assume o lugar do outro na cadeia significante. Uma palavra por outra, eis a fórmula da metáfora, que se coloca no ponto em que o sentido se produz no não-sentido.

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