segunda-feira, 28 de junho de 2010

A mulher ideal

Rui e Amanda voltaram a namorar recentemente. Ainda se gostam muito. A relação flui com intensidade, expressa nos papos intermináveis que varam a noite e no encontro alquímico da boa interação sexual.
A intimidade entre eles é completa quando estão a sós. O que os leva a prescindir da presença de outras pessoas. Eles se bastam, é o que lhes parece.
Contudo, Rui estranha sua falta de energia para fazer outras coisas. Reclama que está cada dia mais preguiçoso, improdutivo e que se isola de tudo.
Está seduzido pela imagem ilusória dessa relação dual perfeita; cooptado, atraído pela beleza oceânica desse encontro perfeito entre duas metades que se aninham e se fundem.
Freud nos lembra:
A mãe é o primeiro objeto de amor da criança.

A palavra amor, aqui, se refere ao aspecto mental da pulsão, pois quando a mãe se torna o objeto de amor da criança o trabalho psíquico do recalque já se instalou.
Há que se considerar a complexidade do processo em questão no reencontro do objeto.
No período anterior à puberdade, o objeto encontrado é quase idêntico ao primeiro objeto de prazer, a mãe.
E vincula-se a essa escolha tudo o que se entende sob o nome de complexo de Édipo.

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