segunda-feira, 14 de junho de 2010

Édipo: símbolo da revelação

Em todo longo percurso da obra freudiana, a figura de Édipo paira como o símbolo de uma grande revelação: do desejo incestuoso da criança. Na imaginação para sempre infantil, somos como o antigo herói Édipo.

A primeira escolha amorosa do homem é, portanto, incestuosa. E essa escolha necessita de severas proibições, por parte da cultura, para que se impeça que ela se realize.
Édipo simboliza o inconsciente que nos aparece travestido de destino. Ao focalizarmos a questão do Édipo sob o ponto de vista do complexo – de Édipo – remetemo-nos à soberania da clínica, a qual incide sobre os romances familiares em todas as suas facetas.
Classicamente, o complexo de Édipo está relacionado à fase fálica da sexualidade infantil: quando a criança experimenta sensações voluptuosas em relação à mãe.
Apaixonada pela mãe, a criança a quer inteiramente para si, colocando-se nesse particular como rival do pai, a quem admira, embora não deixe de sentir sua presença como um obstáculo a seu desejo em relação à mãe.
Reagimos ao sentido secreto da lenda de Édipo, como se tivéssemos reconhecido o complexo de Édipo em nós mesmos, como se fossemos compelidos a recordar os dois desejos – o de eliminar o pai e desposar a mãe – e, ao mesmo tempo, nos horrorizamos com eles.
A responsabilidade sobre esses impulsos pulsionais recalcados reaparece sob a forma de sentimento de culpa.
Que ajuda proporciona a análise no que concerne ao complexo de Édipo?
A análise confirma tudo o que a lenda descreve e mostra que cada um de nós tende a repetir de alguma maneira o drama de Édipo.
Na puberdade, quando as pulsões sexuais fazem suas exigências, os objetos incestuosos familiares são retomados e investidos com a libido.
Nesse período se desenrolam intensos processos emocionais que seguem a direção do complexo de Édipo ou reagem contra ele.
O jovem é então convocado a se desvincular de seus pais. E enquanto essa tarefa não for cumprida ele não pode deixar de ser uma criança.
Para o filho, a tarefa de se tornar emocionalmente independente dos pais implica no desligamento de seus desejos libidinais dirigidos à mãe, para empregá-los na escolha de outro objeto amoroso.
Algumas vezes o jovem não chega a nenhuma solução do conflito edípico, permanecendo subjugado à autoridade do pai e incapaz de transferir sua libido a outro objeto de amor.
Quando se forma um nó no romance familiar, marca essencial do impasse afetivo, consideramos que o complexo de Édipo se cristaliza como o núcleo da neurose propriamente dita.

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