segunda-feira, 27 de julho de 2009

Encaminhamento à psicologia

Quando o jovem é encaminhado à psicologia na segunda vara da infância e juventude, ele chega acompanhado de seu responsável. É comum se apresentar em companhia da mãe, da avó, do pai ou do casal de genitores (nesta ordem).
O certo é que ele é conduzido à psicologia por uma demanda da instituição, que não implica nada do desejo dele nem da família. Daí discutir-se o que há de genuíno nesse momento de chegada.
O que valorizamos nesse momento é a possibilidade do psicólogo realizar um trabalho diferenciado da intervenção exclusivamente pericial, de modo que sua intervenção traga benefícios não só ao pedido explicito da instituição, mas também à população usuária desse serviço.
Quando se trabalha com coletividades em nível público sempre se corre o risco de desempenhar um papel de normatização higienista da conduta, pura e simplesmente.
Embora esse problema não seja típico apenas da psicologia e nem se particularize na realidade da justiça, não se pode deixar de considerar que esse campo de trabalho encerra armadilhas dessa natureza.
E com tal freqüência isso acontece, que as armadilhas se tornam inerentes às atividades as quais os psicólogos se dedicam nessa instituição. Mas esse argumento não invalida o trabalho, antes, o particulariza.
A prática da psicologia no judiciário pode se transformar num veículo de cometimento de violências estruturais. Isso merece atenção.
Contudo, violências nós as cometemos sempre que somos imprudentes nos nossos atendimentos, seja no âmbito público ou privado.
Por isso toda cautela é bem-vinda quando emitimos laudos ou quando vamos de encontro ao pedido mudo de ajuda das pessoas.
Sou de opinião, por outro lado, que a falta de opções por parte da população que usualmente freqüenta essa vara não nos dá o direito de opções elitistas. Atender com dignidade a população que transita nos corredores da justiça se reveste de importância social.
Dar a chance a de que a população seja adequadamente ouvida no espaço público é antes um compromisso ético no âmbito do serviço público.

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