terça-feira, 11 de novembro de 2008

Bandido bom é bandido morto

Inserida na rotina grosseira das reclamações, das apreensões e da burocracia dos procedimentos judiciais, a polícia desenvolve uma visão pessimista e generalizada, na qual se revela o descrédito na eficácia da justiça.
Os policiais se consideram peritos em lidar com a classe criminosa. Muitas vezes, este conhecimento pragmático que acreditam possuir respalda atos grotescos em que se destacam abusos lamentáveis.
Atualmente, o ingresso na polícia civil exige aprovação através de concurso público, e os aprovados são inseridos num processo de iniciação que, em tese, os prepara para desempenhar as funções típicas de policiamento.
Dada as dificuldades de colocação no mercado de trabalho, essa geração de policiais agrega um grupo de pessoas diplomadas em cursos de nível superior, com formações diversas, como administração, estatística, direito, sociologia, arquitetura, psicologia etc.
Situação interessante para arejar a corporação e nela introduzir esses domínios de áreas específicas. Fato que pode inclusive se tornar oportunamente útil.
Esse grupo de policiais representa o segmento esclarecido, que acha que pode contribuir para a transformação da polícia, e que vislumbra, para o futuro, uma polícia técnica.
Para esse grupo, a força da polícia e o êxito de seu desempenho se situam no momento anterior à ação, no planejamento, na montagem de uma estratégia. Tendem a enfatizar a investigação, e contrastam com o grupo mais tradicional de policiais veteranos, do qual se destaca a figura do policial truculento. Para esse grupo, a força da polícia se situa exclusivamente na ação.
Amplamente disseminada nesse campo, a sentença bandido bom é bandido morto sintetiza a crença desse tipo de policial, que representa um grupo identificado com a exibição de poder do policial em operação.

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