quarta-feira, 25 de junho de 2008

A relação primordial com o objeto

O bebê recém-nascido, ainda completamente dependente de sua mãe, não discrimina as sensações oriundas de seu próprio eu das demais sensações: seu existir indiscriminado corresponde a uma massa oceânica de sensações. A esse propósito Freud nos fala em O mal estar na cultura: (...) originalmente o eu inclui tudo; posteriormente, separa, de si mesmo, um mundo externo (Freud, S. 1930, p. 85).
A distinção das fontes de sensações, se elas têm ou não como sede o corpo do bebê, implica primeiro a percepção de que algumas fontes de sensações não estão disponíveis a qualquer tempo, dentre essas, o seio da mãe figura como a mais desejada, e se constitui como seu objeto sexual.
O momento de perda desse objeto cedível implica em poder discriminar a quem pertence o órgão, fonte plena de satisfação. Doravante, uma vez perdido esse objeto da pulsão oral, o interesse tornado auto-erótico, complexifica a relação com o objeto.
E a criança encena através de jogos incontáveis vezes repetidas com objetos disponíveis, tal como acontece na brincadeira do fort da, controlar o desaparecimento e retorno do objeto de seu desejo, a mãe. Significando dessa forma para si a renúncia pulsional a qual Freud faz alusão em Além do princípio de prazer, agora compensada pela realização cultural, (...) e não é senão depois de atravessado o período de latência que a relação original é restaurada (Freud S. 1905, p. 229).

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